sábado, 14 de março de 2009

Se ela morresse amanhã - Lira I

Se ela morresse amanhã
Quanta dor no peito eu sentiria
De amores por ela eu então morreria
Seus lábios de anjo eu nunca mais beijaria
Se ela morresse amanhã

Neste céu não haveria mais alegria
As brisas não mais me inspirariam
As ninfas eu nunca mais cantaria
Minha poesia seria sempre um grito de agonia
Se ela morresse amanhã

Mas essa dor do peito que tira a vida
Viveria pra sempre em meu corpo
Invadiria apenas um pobre morto
Que amou sua musa e não a vida
Se ela morresse amanhã

André Luiz Abdalla Silveira

A morte

E é mais uma vez o frio gélido a atormentar-me
E um leito gelado e duro descanso
Nunca mais abrirei os olhos, nunca verei você
Vestida numa roupa feita de alvo pano

Nunca mais desejarei você numa noite de verão
Nunca mais irei lhe ver nua embelezando a lua
Nunca maisverei você; preso num escuro porão
Estou morto, jazendo na mais fria e escura cova

Nunca mais verei meus meus campos, nunca verei as ondas
Nunca mais verei a neve esbranquiçando o impuro chão
Nunca mais verei maçãs, nunca verei as onças

Só algo me alegra, e é o fim deste grilhão
Que aprisiona a vida* que agrilhoava minh'arte
Não mais verei você a sombra d'um Pinheirão

*Sentido metafísico empregado

André Luiz Abdalla Silveira